Ontem fui “cobrir” a inauguração de uma escola em Resende, lá para os lados do Baião. A única razão porque o PJ se deu ao “luxo” de enviar um “jornalista” (pois é, no fundo ainda sou jornalista entre aspas, nem nome nem carteira profissional tenho) foi o facto de a dita ser inaugurada por “sua excelência o primeiro-ministro José Sócrates”.
Para além de conhecer mais um pouco do nosso “Portugal profundo” que, no fundo, mora já ali ao lado, e de quase desesperar naquelas estradinhas mal sinalizadas de curva e contra-curva, tive a oportunidade de assistir, em primeira mão, a um espectáculo “softcore” de felação. Política. E mútua, neste caso. E se a palavra versão portuguesa de fellacio nos faz pensar em coisas muito engraçadas, o mesmo não se passa com a felação política. É monótona e aborrecida. Mas vamos lá ao que interessa:
O discurso do senhor presidente da autarquia em questão pode resumir-se em meia dúzia de frases: “muito obrigado senhor PM por se ter lembrado de nós”; “muito obrigado senhor PM porque isto não seria possível com «os outros»”. OK, não cheguei à meia dúzia, mas no fundo a ideia é “este Governo é o maior”. Bem, um discurso proporcionador de (presumo) grande satisfação aos visados (do Governo, não aos “outros”). E não é que o presidente da autarquia seja um “chato”, pelo contrário, pelo que pude comprovar em conversa antes da chegada de sua excelência o PM. Mas parece que inauguração de uma escola para miúdos de metro a metro e meio não é inauguração que se preze sem esta nova(?) modalidade de felação! E se o senhor presidente realizou bem o seu “trabalho”, o senhor PM (leia-se primeiro-ministro) não se deixou ficar atrás. “Numa autarquia onde há uma boa escola, há também um bom presidente”. “Resende é um exemplo para o País”. Que bonito! Será que pertencem os dois à mesma cor política? Bom, não creio. Afinal que país seria este se os elogios se dessem pela família à família e não a quem de direito?
Bem, mas adiante. Foi engraçado. Foi cansativo. Foi enjoativo (especialmente durante os quilómetros de estrada em “S” que tive de fazer…). E aprendi que fellacio não é necessariamente só “coiso e tal”.